Anónimo
2021.06.10
Na Escola Secundária Martins Sarmento, em Guimarães, os alunos não podem ir ao WC durante o intervalo. As funcionárias, durante o intervalo, fecham propositadamente as casas de banho, supostamente, para prevenir a aglomeração dos alunos. Cada casa de banho tem vários compartimentos individuais de WC dos quais já só dois estão destrancados (precisamente para evitar aglomeração de pessoas), mas mesmo assim a escola prejudica os alunos trancando tudo no intervalo e obrigando os alunos a pedir para ir à casa de banho durante as aulas, perdendo parte da matéria durante a sua ausência da sala de aula. Mais uma medida sem sentido que não beneficia ninguém.
Catia Evora
2021.05.13
Sou professora da disciplina de Físico-Química, do 3 ciclo e ensino secundário. Dadas as regras instituídas para a contenção da pandemia, na escola, onde no presente ano letivo leciono, todos temos de obedecer à regra da máscara. Eu pessoalmente nunca tiro a máscara dentro da escola. Só a tiro para comer e beber, pois somos todos obrigados a isso. Mas é difícil dar aulas com ela e às vezes não aguento e, sem a tirar, mantendo a devida distância em relação aos alunos, discretamente deixo-a descair um pouco para baixo, deixando o nariz um pouco de fora, só para respirar melhor. Às vezes a sensação de sufoco é tanta que instintivamente puxo a máscara por uns segundos para a frente, só para deixar entrar o ar. Alguém foi dizer à direção da escola, que fazia isto. Na terça-feira, dia 27 de abril, sem aviso prévio, o diretor interrompeu a minha aula, aparecendo com dois agentes da PSP, com o possível intuito de me intimidar à frente dos alunos, demonstrando aqui um claro abuso de poder, a meu ver. Depois no corredor, local de passagem de todos os alunos, professores e funcionários, fiquei aí a ser repreendida pelo diretor, que se usou de dois polícias, que foram até bastante compreensivos em relação à minha necessidade de respirar. Achei tão ridícula a situação. Como é possível no meio de uma aula? Não podia esperar pelo fim da aula para me fazer a abordagem?

Como o castigo não foi suficiente, dois dias após a abordagem dos agentes PSP na aula, recebo um e-mail da parte da direção da escola a informar que me foi instaurado um processo disciplinar, solicitando a minha presença na sede do agrupamento no dia 3 de maio para uma audição.

Eu pergunto, um Diretor de uma escola pode usar o seu poder para intimidar professores e alunos com a presença da polícia? Será que colocar o nariz de fora da máscara de vez enquando para respirar é motivo para se instaurar um processo disciplinar a um professor? Porque não falou previamente comigo?

Saliento que já tinha ido junto dos elementos da direção falar desta minha situação de pontualmente ter de puxar a máscara para respirar.
Antonio Gil
2021.04.24
O episódio que vou relatar (ocorrido ontem) tem mexido com a minha tranquilidade.

Numa turma que me é especialmente grata, como professor, um dos alunos mais desestabilizadores, pediu-me para beber água.

Naturalmente, consenti. Naturalmente também, esse aluno foi, com sua garrafa de plástico, até à porta aberta da sala de aula, para poder baixar sua máscara, e aí bebeu de sua garrafa.

Eu assisti a tudo, evidentemente. E vi, pela primeira vez e de forma integral, o rosto daquele miúdo. Certo, tinha visto sua foto, talvez com dois anos menos, no Inovar, que é o programa do Ministério da Educação, onde actualmente escrevemos o sumário (já não há livros de ponto pelo menos há uma década, na escola onde lecciono).

Sim, pela primeira vez, vi o rosto do garoto, ao vivo! sim, pela primeira vez, senti uma estranha solidariedade para com ele, já que ele sempre me infernizou as aulas e a de outros professores, ao que consta).

Então pensei nesta coisa, muito perturbadora para mim: eu precisei realmente de ver o rosto daquele aluno (do 7º ano, ou seja, ele veio do 2º ciclo, os alunos do 8º ou 9º ano eu conhecia e conheço facialmente, os do 7º não, nem agora, após meses de contacto com eles, porque usam máscara, eu precisei dese contacto para perceber aquela criatura: ele era um garoto qualquer, igual aos outros, desde que não usasse máscara.

Em tempos que já lá vão, fui um professor até bastante popular, o que não era difícil, numa área como a minha (a Educação Visual).

Hoje sou -por imposição - um professor mascarado! nem sei de quê mas sim, sou mascarado! a empatia que o meu rosto descoberto podia suscitar, perdeu-se eu sou uma criatura sensível e noto isso!

Eu vi o rosto inocente de um aluno que nunca tinha visto antes, bebendo água e passei a ver esse mesmo aluno como vi, durante décadas, outros alunos como ele!

Por outras palavras, ver alunos usando máscaras, distancia-nos deles, quer queiramos que não. E eles verem seus professores com máscaras há-de ter o mesmo efeito ou ainda pior!

Que sociedade resultará disto tudo? vamos pensar nisto?
Fátima Oliveira Sequeira Remédios
2021.03.25
AOS MESTRES E ORIENTADORES

Estimados Colegas Professores,

1. Venho dirigir-me a todos vós, expressando por todos os docentes um profundo respeito, carinho e consideração.

2. Queiram desculpar-me por vos abordar num final de período, época cuja turbulência e volume de trabalho todos conhecemos tão bem. Mas há alturas em que urge priorizar e distinguir com clareza o essencial do supérfluo e, portanto, passível de adiamento.

3. A minha intenção é pronunciar-me acerca do ensino à distância, da testagem que se avizinha e das decorrentes vacinas, que, por saturação de tanto teste e coação, nos querem obrigar a aceitar. Não se enganem. É este o propósito principal destas testagens.

4. Considero o ensino à distância desumano, desnecessário e extremamente exigente para todos os envolvidos, alunos, docentes, direções de escola e pais. É nefasto para a saúde mental e emocional. Transforma a Educação, maioritariamente, num sucessivo acumular de tarefas – multitasking learning - que compromete coisas tão importantes e sublinhadas na lei como a Criatividade, o Espírito Crítico, o Pensamento Filosófico.
Este sistema propicia e potencia o stress e o mau estar dos alunos e docentes (veja-se o aumento de casos de depressão e desconforto mental entre jovens, que aumentou exponencialmente). Este sistema inibe a originalidade e o entusiasmo para aprender.
Tudo contra o estipulado nos decretos 54 e 55, que conhecemos.

5. Como ter motivação e entusiasmo se nos foram retirados todos ou quase todos os mecanismos de descompressão, descontração e lazer, o convívio e os afetos mas, ainda assim, nos exigem, às Direções das Escolas, aos professores e aos alunos, o mesmo grau e volume de trabalho, profissionalismo e motivação?

6. É tratar todos como máquinas. Nós não somos máquinas.

7. É um ensino falacioso. Pois não há forma de aferir se o que o aluno fez foi feito de forma autónoma, sozinho, ou se foi ajudado por alguém. É um ensino injusto, promotor das desigualdades sociais, tendencioso.
Se todos nós refletirmos sobre isto, com honestidade, todos chegaremos certamente às mesmas conclusões.

8. Quanto a nós, professores, à forma como fomos tratados...
Acho que o que o Ministério da Educação nos pediu foi desumano e revela por nós um completo desrespeito e pouco cuidado. Pouco cuidado em cuidar a classe que deveria ser a mais acarinhada em qualquer país. Pois é, na minha opinião, a mais importante de todas.

9. Alguém quis saber se os professores tinham computadores ou orçamento para os ter para este ensino? Alguém se preocupou com as despesas extra de eletricidade, internet, o que fosse? Alguém se preocupou verdadeiramente connosco?

10. Relativamente aos testes que nos querem fazer....
Atos como um mero teste, não são assim tão banais ou menores.
Uma borboleta a bater asas numa parte do mundo pode desencadear um tufão noutro ponto do planeta.

11. Acredito visceral e veementemente que estes testes nas escolas, quinzenais ou que seja, servem um propósito vil, mesquinho e desonroso. Servem interesses económicos e outros.

12. E das vacinas, sobre as quais falar de obrigatoriedade, só por si, é um ato criminoso e contra os nossos direitos constitucionais, nem desejo pronunciar-me aqui.

13. O Estado vai ter de responder por tudo isto. Há juízes, advogados e outro tipo de autoridades cada vez mais alerta e ativos.

14. Nós também podemos – e devemos – fazer queixa crime a quem de direito. Pedir contraprova dos testes. Temos direitos.
Nós somos professores.

15. Nós fazemos o futuro de todos nós, de todos os que temos pela frente.
Cada um de nós.
Cada um de nós é responsável.

16. Não devemos menosprezar cada uma das nossas escolhas, palavras, atitudes, por mais simples ou insignificantes que estas nos pareçam. Não Hoje. Não Agora.
Não o são.

17. Moldamos as crianças e o futuro com o nosso exemplo.
Porque Somos Professores.

18. Neste momento, estamos a ser usados para fins que nada têm a ver com a nossa Nobre Missão, a mais Nobre de todas.
Por isso, digo-vos, com toda a força da minha Alma que não irei fazer um único teste. Nem de saliva. Nem dos outros. Não por recear o ato físico. Não por ser do contra. Mas porque na minha ação há um bater de asas de uma borboleta.

19. Portanto, não o irei fazer, mesmo que o preço seja a multa. O processo disciplinar. O despedimento. O fim da minha carreira como professora. O que tiver de ser. E vocês farão o que tiverem de fazer. E eu farei o que tiver de fazer.

20. Continuarão a ter a minha compreensão e empatia.
Sei bem o que é chegar ao final do mês sem um cêntimo na conta. Sei bem o valor de ter um salário ao fim do mês, sobretudo nestes tempos.

21. Quero deixar bem claro que esta minha posição não é contra o ensino, a educação. Não é contra colegas ou Direções de Escola. Antes, embora possa não ser entendido assim (e respeito cada verdade e cada perceção da realidade), sei e sinto que nos estou a defender. O nosso brio, a nossa dignidade, o nosso direito de lutar e recuperar o que jurámos ser quando escolhemos esta sagrada profissão: Guias, Mestres, Orientadores.
Não fiscalizadores, agentes de coação, carrascos.
Talvez um dia me entendam, talvez não.
Talvez nunca percebam o meu gesto. Talvez este não valha nada.

22. Talvez até me devesse proteger melhor e não me expor assim a quem talvez me vá condenar ou criticar. Estou consciente do risco e do preço.

23. Mas É assim e assim vo-lo apresento. Em cima da mesa.
Todos temos família, todos somos humanos, muitos somos pais e mães.

24. Sei o quanto requer ter esta força e coragem quando temos quem dependa de nós. Também tenho medo. Também fraquejo. Mas há uma força maior que me levanta. O meu desejo de honrar os meus pais e criar o futuro dos meus filhos.
Professor Preocupado
2021.04.17
A primeira grande vítima da pandemia terá sido a ciência. Tal como nos tempos de Galileu, o debate científico aberto voltou a ser posto em causa nos tempos modernos.

Muitas pessoas morreram desde o início da pandemia, de doenças diversas. E muitas irão com certeza morrer ainda, seja de doenças físicas ou doenças mentais. A saúde mental de adultos e crianças precisa urgentemente de ser trazida para a ordem do dia.

Uma outra vítima a ter em conta é a própria sociedade. O tecido social é destruído e agoniza. Por muito adaptável que seja o ser humano, as ligações sociais não se compadecem com as distâncias e esvaem-se no tempo. Há anos que lamento passar em corredores cheios de jovens em silêncio, cada um absorto no seu ecrã. O ser humano não é isso, não pode delegar na máquina a comunicação, a socialização, as interações naturalmente humanas.

Mas a transformação digital e social estão em curso a bom ritmo. Fizemos os melhores carros, os melhores computadores, os melhores aviões. Mas já estavamos a criar uma sociedade que não é amiga da família nem das crianças. O preço em qualidade de vida, e em vidas, vai ser muito elevado. As nossas crianças esperam e merecem melhor.
Anónimo
2021.04.11
Estão revoltados??? Eu sou professora e estou mais do que revoltada com o que se passa. Tento abrir os olhos aos meus colegas mas nem uma resposta me dão. A situação está muito, muito grave. Um professor numa escola a tentar lutar contra as medidas, é impossível e sei que os professores repintem constantemente o que ouvem na TV, certamente pensando que estão a fazer o que é correto. Os alunos estão a ser pressionados por todos os lados. Não posso dizer para tirarem a máscara, não conseguiria que se fizesse e só atrairia problemas para mim. É melhor começar a ver isto como uma grande ameaça. Não sei como vou agir no 3º período e talvez perca o emprego, mas uma coisa sei: Não vou ceder. Li que a partir de 15 de junho quem não tiver o passaporte vacinal nem às compras poderá ir. Há alguns pais neste grupo e penso que todos deveriam unir- se e falar com os outros pais. Mostrar como a máscara tem tudo de maléfico e nada de benéfico. Os pais têm muito poder e deveriam exigir que retirassem as medidas, caso contrário não autorizam os filhos a ir à escola. É muito mau mas isto é uma guerra e temos de lutar pela liberdade e saúde dos jovens!!!!! Não podemos morrer do vírus mas podemos morrer à fome??? Nas manifestações, sem máscara, sem distanciamento social, e chegou a haver uma de quase 5000 pessoas, ninguém apanhou cov-vid. E não é só em Portugal, é no mundo inteiro. E onde não há medidas, não há o virus. O que é isto????? Se queremos voltar ao normal, é acabar com a obediência a essas leis fundamentadas só pelo governo e por mentirosos a ganhar imenso dinheiro a enganar-nos. Não somos gado, não vamos vacinar- nos só para poder ir ao super mercado. É urgente (2 meses) quanto mais o tempo passa menos podemos agir. Por favor, lutem !!!!
Sandra M.
2021.04.07
Este espaço, sob a forma de um grupo na plataforma Telegram, foi criado para que os Professores possam discutir abertamente os seus problemas, anseios e preocupações relativas ao impacto que as medidas de contenção do covid-19 tem tido nas suas vidas profissionais, bem como no próprio processo de ensino. A ideia surgiu para tentarmos encontrar colegas que partilhem das mesmas preocupações, por forma a nos apoiarmos mutuamente.

Estando numa posição que se pretende de estimulo ao espírito crítico dos nossos estudantes, foi com espanto que pelo simples facto de questionar algumas medidas, recebi acusações de ser negacionista, anti-vacinas, terraplanista, pertencer a alguma estranha seita e por pouco de viver num planeta de arco-íris e unicórnios cor de rosa. Foi com surpresa que recebi ameaças, acusações e insultos ao ter decidido retomar aulas presenciais assim que houve autorização para o fazer, enquanto outros optaram por se manterem em regime online. Seria culpa minha se algum aluno aparecesse infectado! Seria chamada à responsabilidade, junto com os meus assistentes, se tal acontecesse! Seria por irresponsabilidade que estaria a colocar em risco a vida dos meus alunos!!! Seria por incapacidade minha de adaptação ao "novo normal" e aos "novos métodos de ensino online" que questionava medidas e métodos! O quê?! Só podem esta a brincar! Afinal não, estavam mesmo a falar a sério!!!!

Não se está aqui a negar a existência de um vírus, não se está a negar que alguns grupos específicos devam tomar cuidados especiais. Apenas se pede uma avaliação honesta dos custos destas medidas. Estamos a matar mais com a prevenção do que o vírus? Estamos a morrer da cura?

Esta iniciativa surge então da necessidade de criar um espaço seguro para fazer perguntas sem sermos acusados, insultados e ameaçados.

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